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A esperança na UTI

O marcador de página caiu, desmarcando aquele poema que eu iria mandar. Aquele poema perfeito, não muito hermético, não muito descarado. Fechei a aba com os poemas do Manoel de Barros (com certeza, um dos maiores presentes que se pode apresentar a alguém). Joguei fora o álbum ideal pra se levar numa viagem. Dormi pela primeira vez sem que a última coisa que eu fizesse fosse imaginar como seria. Sonhei que não pagava a passagem nem pro Ryan Gosling. Por mais que eu ache que fique muito bem de rosa, não comprei aquela blusa. Não quis mais saber o que significam as horas iguais. Não importa mais que carta sai no tarô. Caminhei sem música alguma. Perdi o número das voltas mesmo assim. Parei de procurar uma boa charge. E chorei (Uma amiga um dia me disse que "chorar é a última coisa que se faz. Porque chorar é desistir"). Sem resposta, sem eco, sem sinal, a imaginação respira com muita dificuldade. Tudo acaba. Até o que vai por último , vaticinou o médico. Serie G...

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