Óia ela aí de novo

Tem um filme inofensivo chamado Campo dos Sonhos. E uma vez que a gente assiste ele, nunca mais vai esquecer aquela frase:
"Se você construir, eles virão"
Sei lá se o diretor quis ser mais metafísico do que foi.
(Pensando bem, ele pode inclusive ter sido o precursor a utilizar o milharal como cenário para dezenas de temáticas das mais bizarras).
Bom, o fato é que sempre que lia ou lembrava dessa frase, ela retumbava, pra mim, assim:
"prepare e ela virá".
"Ela", pra mim, é a circunstância.
Mesmo com relação ao filme, pra mim, o  que o campo veio trazer nunca foi um jogo, mas antes, a circunstância, a experiência, a vivência no tempo e espaço de um acontecimento em que todos estavam ali com um acordo que só é possível em sonho: um local onde o coração, a intuição, o silêncio, o presente e o passado convivem sem que ninguém duvide. Sem medo, atendendo ao pedido do que pode não fazer sentido num primeiro momento, mas que traz um significado para os que comungam daquela experiência.
Nos pequenos campos da minha pequena fazenda, já tem um tempo, eu escuto os chamados.
É sempre a mesma coisa. Não faz sentido, mesmo assim, eu arranjei as sacolinhas, juntei todas as coisinhas, roupinhas, brinquedos, sapatinhos, o balde, a cômoda e o bercinho.
Ficam ali, meio atravancados, meio atravancando, esperando.
E como toda espera, a gente tem os momentos de desconfiança, de fé, de dúvida. E como em toda espera, a gente sempre dá mais uma chance.
Então, hoje, ela chegou, de novo.
É nova, mas é velha. E quando ela chega a gente reconhece e as coisas parecem fazer sentido.
Um pouco de sentido, ali, no meio dessa bagunça toda.



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