Postagem de Natal
Olhem, eu não queria ser pessimista.
Tudo isso de Natal é muito lindo e coisa e tal. Mas eu ainda sinto um estranhamento tão grande, sempre, a cada ano que passa... Sinceramente que a vida me espanta mais que a possibilidade de enxergar um exemplar extra-terrestre. Porque eu concordo com o Ghandi, não se deve descansar enquanto houver ainda que seja um de nós em sofrimento.
Chove, e aqui bem perto, pessoas dormem na rua. Do outro lado do mundo sabe-se lá quantas centenas de pessoas no Iraque não têm luz, nem água, que dirá a ternura do Natal.
E com isso, não quer dizer que eu não veja a necessidade de estar agradecida pelo que de bom nos acontece. Mais do que nunca se tem o dever de celebrar o que há de bom.
Mas, não, eu não acho que a vida é uma festa. Não hoje, não em 19 de dezembro de 2008. Desculpe, mas eu não acho a vida bela, enquanto uma garota de 10 anos se prostituir com a conivência de sua pobre mãe; enquanto os países do norte da Europa se mantiverem firmes no ranking da pedofilia; enquanto presos forem executados com tiro nas costas; enquanto a Praça da Liberdade estiver maravilhosamente iluminada e dezenas de pessoas estiverem nas filas do SUS, sem atendimento médico, à espera da morte que com certeza, vai chegar antes do fígado, do rim, do AZT.
Eu vou abraçar as pessoas pra sempre. Eu vou amá-las até morrer. Mas até que o mundo esteja contaminado, nem que seja um pouquinho, pela fraternidade mais que pelo automóvel, pelo fastfood e pelas séries de TV, eu ainda vou acordar todo dia e achar - com alguma certeza da verdade - que estamos andando em círculos.
O mundo hoje não é um lugar melhor que no ano passado.
E isso me deixa muito intrigada, principalmente nessa época.
Por isso, pasmo, eu achava o acelerador de partículas tão imensamente fantástico. Era, quem sabe, a única chance de algo realmente novo. Claro, numa perspectiva muito ambiciosa. Ambiciosa demais.
(Perdão, aos que chegaram em busca de conforto.)
Tudo isso de Natal é muito lindo e coisa e tal. Mas eu ainda sinto um estranhamento tão grande, sempre, a cada ano que passa... Sinceramente que a vida me espanta mais que a possibilidade de enxergar um exemplar extra-terrestre. Porque eu concordo com o Ghandi, não se deve descansar enquanto houver ainda que seja um de nós em sofrimento.
Chove, e aqui bem perto, pessoas dormem na rua. Do outro lado do mundo sabe-se lá quantas centenas de pessoas no Iraque não têm luz, nem água, que dirá a ternura do Natal.
E com isso, não quer dizer que eu não veja a necessidade de estar agradecida pelo que de bom nos acontece. Mais do que nunca se tem o dever de celebrar o que há de bom.
Mas, não, eu não acho que a vida é uma festa. Não hoje, não em 19 de dezembro de 2008. Desculpe, mas eu não acho a vida bela, enquanto uma garota de 10 anos se prostituir com a conivência de sua pobre mãe; enquanto os países do norte da Europa se mantiverem firmes no ranking da pedofilia; enquanto presos forem executados com tiro nas costas; enquanto a Praça da Liberdade estiver maravilhosamente iluminada e dezenas de pessoas estiverem nas filas do SUS, sem atendimento médico, à espera da morte que com certeza, vai chegar antes do fígado, do rim, do AZT.
Eu vou abraçar as pessoas pra sempre. Eu vou amá-las até morrer. Mas até que o mundo esteja contaminado, nem que seja um pouquinho, pela fraternidade mais que pelo automóvel, pelo fastfood e pelas séries de TV, eu ainda vou acordar todo dia e achar - com alguma certeza da verdade - que estamos andando em círculos.
O mundo hoje não é um lugar melhor que no ano passado.
E isso me deixa muito intrigada, principalmente nessa época.
Por isso, pasmo, eu achava o acelerador de partículas tão imensamente fantástico. Era, quem sabe, a única chance de algo realmente novo. Claro, numa perspectiva muito ambiciosa. Ambiciosa demais.
(Perdão, aos que chegaram em busca de conforto.)
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