Aqui, sim

É um trabalho imenso o fazer-se.
E ao ver se passar tantos anos, eu preciso comemorar uma coisa: a resistência.
Porque foram muitos a me ajudar, mas muitos mais a tentar, desde cedo, que eu não conseguisse construir coisa alguma. Ou, melhor, que eu não conseguisse me fazer.
Mas é da mesma matéria da morte a matéria que não permite que os outros matem em nós o que só pertence a nós. Só a morte pode matar a força que nos é dada pra viver. Pessoa nenhuma, nem a nossa pode.
Só e largo, silencioso e cru é o caminho de cada um. E o vento que nos encontra em cada ano, encontra uma pele sempre nova com muito mais história. E ao debater-se nela, se espanta:
- Quem vem lá?
Para depois reconhecer todos os sulcos que ele mesmo fez, por todo esse tempo...
Um dia, quando eu for forte o suficiente, seremos um só.
Até lá, comemoro estar de pé, ainda. E, pra mim, é tudo.



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