Divagando - Sobre fotografia

O saudoso Júlio Pinto, em uma de suas aulas, disse que muitos "cometem" poesias, mas poetas mesmo, são poucos.
Parafraseando-o, o mesmo vale para fotógrafos. Quando um fotógrafo tira fotos ele conta histórias de seu olhar.

Lembro do Paulo, professor de fotografia da faculdade, que sempre quando ia mostrá-lo alguns de meus trabalhos ele sempre perguntava "Que história esses objetos estão contando aí? Esse brilho, ali o cantinho do talher, o que ele fala?".

O fotógrafo, em sua lida e contínuo treino através das lentes, e após domar as diversas técnicas envolvidas no trabalho, escreve com suas imagens, de certa forma. Mesmo que se varie o tema, o local, o evento, ele acaba por imprimir um discurso a tudo que capta.

Lembro inclusive que isso, esse processo construtivo, exigente porque carece em si de ser e ter sentido (para quem quer, obviamente, vagar além dos registros das férias), foi um dos motivos que me fez abandonar o caminho da fotografia. O processo gritava tanto por sentido e era tão exigente nesse sentido que me consumia, me estafava.

Mas os que conseguem seguir adiante, os que por talento ou persistência (ou ambos, ainda acredito que os dois andem muito juntos) conseguem contar histórias maravilhosas, quer pelo recorte, quer pela forma com que escolhem seus instantâneos.


Há muito tempo acompanho um fotógrafo (que está aqui la lista de blogs) o HENRY SENE YEE. E o trabalho dele é um exemplo claro disso tudo que expus:







Está ali e no caminho de todas elas, ele, a contar o seu assunto dentre os assuntos de domínio público, visto por todos. Numa sequência de recortes, uma história, que se vale de centenas, milhares de outras histórias que compõem o todo físico, Histórico, social, político e cultural. Uma história que é a história de um olhar impregnado pelos tempos em que vive, mas que se vale num só momento de dezenas de outras referências, exigidas de quem produz e de quem vê. O equilibrio estético, o tratamento de cor pode chamar mais ou menos a atenção do espectador (ou apreciador); Mas enquanto imagem, é um produto capaz de sensibilizar talvez diversidades imensas, por se tratar de um produto daquilo de que somos todos dotados: a visão. Teoricamente todos vêem. Todos, todos os dias "recortam" da infinidade de instantâneos, aqueles que desejam que conte suas histórias, pra sí e para os outros.

Mas isso é outra história :)

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