Entre o céu e o outro céu

Pode ser em razão dos tempos, mas ao assistir Men in trees me deu aquela vontade sorrateira de ir pra uma cidade pequena e lá viver, de verdade. Porque aqui a gente não vive, e olha que estou em BH.
Não sei se me falta coragem, mas eu tenho a impressão de que eu trabalho pra comer. Literalmente. Comer um pouco de tudo, eu sei: comida, educação e arte. E aí que se pode retrucar: ora, mas não é assim que vivem mais de 60% da população do Brasil? E a resposta, que pode parecer hipócrita, é: não sei.
Há quem se divirta em pequenas coisas. Ir à missa, conversar com vizinhos, fazer um churrasco. Mas estar nesse limbo entre os abastados e os de pobreza extrema, parece retirar ambas as coisas: a tranquilidade de não ter o que perder e o sossego de não querer o que está muito distante. Esse meio termo da classe média é literalmente o quase. Esse quase que traz com ele o inferno de nunca gozar completamente de nenhum estágio.

E na minha cabeça infantil, ir para o Alaska, de algum modo, me tiraria desse lugar.

Comentários

Massa disse…
Já fiz essa experiência do "êxodo urbano". Não recomendo. Se você me perguntar, pessoalmente, um dia, eu te falo o que eu acho.

Mas me ensinou uma coisa importante: a dar bom-dia, boa-tarde, boa-noite pro porteiro, pros vendedores das lojas, pra faxineira. Me ensinou que eles são gente, uma coisa que eu sabia mas só no plano teórico. Numa cidadezinha do interior todo mundo é gente, todo mundo é irmão, primo, conhecido, amigo, de alguém. Aqui também.
rOsI disse…
Vou te perguntar com certeza, semana que vém :)

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