Vem viver ao meu lado


Eu sou chata, mesmo. Um colega de serviço disse que toda vez que vê a propaganda das havaianas que o povo está tocando e cantando e a mulher vem falar que aquilo é um absurdo por causa da crise, ele lembra de mim. Eu não sou predominantemente rabugenta, pelo contrário, mais rio que tudo, mas eu tenho dificuldade com zonas de conforto. Muito por isso já vou pedindo desculpas (a quem nem sei) pela minha pequena tristeza de hoje. Ela começou ontem, na verdade, quando voltava pra casa à pé, acompanhada do meu amado. Mesmo com a rua não muito iluminada, divisamos no chão do passeio um livro. Mas, pena, era só a capa e um pouco do miolo. Mas eis que mais à frente, na lixeira de metal, aquela gradeada onde se colocam os sacos de lixo, molhadinhos pela chuva, estavam, abandonados, dois livros. Estes intactos. Um deles, novo, com selo da livraria. Mas ambos, não quaisquer:
(1)

"Para Luigi Luca Cavalli-Sforza, "GENES, POVOS E LÍNGUAS", caminham lado a lado. O renomado pesquisador italiano combina arqueologia e lingüística para demonstrar como genética e cultura se entrecruzam na história da evolução humana. O estudo permite ao autor concluir também que o racismo pode ser cientificamente desvelado e combatido." (FONTE)
(2)

"EL OFICIO DE SOCIÓLOGO", de Pierre Bourdieu, 11a edição."Pierre Bourdieu tem sido um dos intelectuais mais influentes da França durante a última metade do século XX. A variedad das temáticas que estudou e a tentativa de levar à prática a construção interdisciplinaria de diversos objectos de estudo evidencian sua capacidade para fazer coincidir sua produção intelectual com os problemas mais relevantes da sociedade e, em especial, dos sectores dominados." (FONTE)

E no Shopping Del Rey, tão perto, tem uma caixa de madeira bem perto do cinema, aguardando doações de livros...
***

Em tempo: Discriminação e feminismo, nesse post que é um presente de tão lúcido e lindo.

Comentários

Anônimo disse…
Olha, não estou querendo dar uma de "fodão blasé", mas já vi coisas piores em relação a livros. De todo modo, é algo pra nos deixar um pouco pra baixo mesmo. Um abraço.

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