O produto da imprensa
Aproveitando a discussão e como bem lembrado, os 10 anos do massacre de Columbine, sempre é bom ficar atento quando até a imprensa começa a vender noticia como vende pão. Porque para o pão não importa o nome da farinha nem a paternidade dela. Importa pouco a cor do papel que o embrulha. Mas quando o que se vende é a informação sobre um acontecido, os cuidados precisam ser mais que a velha e conhecida lábia da propaganda.
No manual da propaganda isso não é dito, não senhor. Lá está escrito que a propaganda evidencia as qualidades do produto, enaltecendo seus benefícios, quase sempre imperceptíveis ao consumidor. Mas todo mundo sabe que muito da imagem do produto é criação de conceito. Na publicidade isso até pode não ser defeito. Mas no jornalismo é.
O caso Columbine pode ter sido o primeiro caso com "cobertura ´around-the-clock´ da imprensa" (como ficou conhecido o estilo de cobertura minuto a minuto, utilizado primeiramente pela CNN);
Por aqui tivemos o célebre caso da escola Modelo e mais recentemente isso se repetiu, com o caso da jovem que se disse agredida, grávida, na Suíça, por jovens nazistas. Sinceramente eu acho que absolutamente tudo hoje, não só a notícia jornalística, passa por um processo de construção ideológica fortíssimo. O grave é a notícia jornalística, quem sabe impelida (ou desesperada) pela pretensa necessária rapidez de atualização, ter como crivo primeiro não a veracidade mas o estandarte idiota de ser divulgada em primeira mão. Acontece que hoje a notícia virou um produto e enquanto tal, ele acaba por competir com outros produtos na esfera do mercado de consumo geral. E nessa esfera, a veracidade enquanto fator determinante de compra já está em segundo plano. Ocorre então que hoje existe muito mais que uma deformação de opinião, imagem e reputação: existe a formação de um valor anterior e quase independente do produto, no caso, a notícia. Antes mesmo que se conheçam todos os personagens, cenários e enredos, a notícia vende o filme, com o estilo que mais se adequa à estação.
No manual da propaganda isso não é dito, não senhor. Lá está escrito que a propaganda evidencia as qualidades do produto, enaltecendo seus benefícios, quase sempre imperceptíveis ao consumidor. Mas todo mundo sabe que muito da imagem do produto é criação de conceito. Na publicidade isso até pode não ser defeito. Mas no jornalismo é.
O caso Columbine pode ter sido o primeiro caso com "cobertura ´around-the-clock´ da imprensa" (como ficou conhecido o estilo de cobertura minuto a minuto, utilizado primeiramente pela CNN);
Por aqui tivemos o célebre caso da escola Modelo e mais recentemente isso se repetiu, com o caso da jovem que se disse agredida, grávida, na Suíça, por jovens nazistas. Sinceramente eu acho que absolutamente tudo hoje, não só a notícia jornalística, passa por um processo de construção ideológica fortíssimo. O grave é a notícia jornalística, quem sabe impelida (ou desesperada) pela pretensa necessária rapidez de atualização, ter como crivo primeiro não a veracidade mas o estandarte idiota de ser divulgada em primeira mão. Acontece que hoje a notícia virou um produto e enquanto tal, ele acaba por competir com outros produtos na esfera do mercado de consumo geral. E nessa esfera, a veracidade enquanto fator determinante de compra já está em segundo plano. Ocorre então que hoje existe muito mais que uma deformação de opinião, imagem e reputação: existe a formação de um valor anterior e quase independente do produto, no caso, a notícia. Antes mesmo que se conheçam todos os personagens, cenários e enredos, a notícia vende o filme, com o estilo que mais se adequa à estação.
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