Que jornalismo?

ABL proíbe Paulo Coelho de lançar biografia em seus salões
Publicidade -da Folha Online

A Academia Brasileira de Letras não deixou que a biografia "O Mago" fosse lançada em seus salões, informa a coluna Mônica Bergamo, na Folha desta quinta-feira (29), que está nas bancas.(...)
No livro escrito por Fernando Morais, Paulo Coelho desanca os acadêmicos, afirmando que, enquanto defendia a imagem do Brasil no exterior quando por aqui havia "matança de índios", o então ministro Celso Lafer, das Relações Exteriores, pedia votos para Helio Jaguaribe, que concorria contra ele a uma vaga na ABL.
Eleito imortal, por sinal, Paulo Coelho desprezou solenemente a ABL.
De 200 sessões realizadas desde que foi eleito, o mago compareceu a seis.


Eu tenho ficado especialmente irritada com as afirmações da Folha nestes últimos dias. Sim, afirmações. Colocar link no site com um trecho de uma entrevista pode ter algum fim mercadológico mas enquanto informação jornalística é um absurdo. Principalmente no caso em questão. Primeiro porque tem desvirtuado o sentido do que é dito na matéria em si. Segundo porque compromete não só a veracidade do fato como também a idoneidade dos envolvidos na matéria.
Recentemente, um desses links demonstrava a opinião de uma atriz sobre a existência ou não do beijo gay numa determinada novela. Ficou clara a impressão de que ela era contra o beijo entre homossexuais em si (algo, como "eu acho esse negócio de beijo gay uma bobagem"). Na verdade, o teor era outro e num sentido muito mais amplo e significativo: ela chamava a atenção para um possível reducionismo da questão do preconceito a admissão ou não de um simples beijo entre homens numa novela. Não contente, a editoria do jornal publica outro link com a opinião do diretor da novela, igualmente deturpada (algo como "ser contra beijo é intolerância ou ignorância").
Aí hoje me aparece essa matéria aí de cima, completamente estapafúrdia. Sim, porque se a matéria inteira não pode ser publicada, porque incluir um resumo incompleto e deturpado? São muitos os pontos vagos:
Será que a Academia barrou somente porque Paulo fez a dita afirmação em seu livro? POrque não há depoimento de ninguém de lá;
Qual é o grande demérito de uma pessoa arrecadar votos para o concorrente de um escritor que só figura na ABL pelo alcance comercial de seus livros, já que é descarada a falta de qualidade de suas obras?
Se ele despreza tanto a ABL porque aceitou a cadeira?
Porque na verdade então, não foi um solene desrespeito, foi uma ação, a única, de valor da parte dele que é se retirar de um lugar que nunca deveria admitir sua presença, muito menos o seu valor.

Comentários

Anônimo disse…
Eu sou assinante da Folha faz alguns anos e concordo contigo que o diário costuma "dar uma de Veja". Ainda assim, dos chamados "jornalões", é o único pelo qual eu consigo manter um mínimo de confiança. Um abraço.
rOsI disse…
Halem, sempre bem vindo! Eu também leio ela com certa frequencia, não posso negar...

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