Leões e cordeiros
Não sei se é um problema meu ou do tempo em que vivo, mas eu tenho muita dificuldade em acompanhar os fatos. E isso às vezes se acumula a tal ponto que quase perco a capacidade do entendimento mínimo desses fatos. É o caso, por exemplo, da Invasão do Iraque pelos EUA. Mas independente de quantas coisas sejam ditas sobre ela, O que é claro, porém, a respeito disso é, no mínimo, que a ação dos EUA é mais uma das tantas intervenções oportunistas, violentas e justificadas, senão pela ganância, pelo uso arbitrário e exagerado do poder. Mas, para mim, ainda existe uma outra justificativa para esses atos por parte dos EUA.
Eu acho que grande parte da razão porque os EUA vivem incomodando o mundo com seu pretenso heroísmo advém da sua condição de abastado histórico.
Na Inglaterra, principalmente, quando Jaime I Stuart assumiu o trono, iniciou uma grande perseguição a protestantes não-anglicanos e católicos e muitos deles fugiram para a América do Norte.Ou seja, eles foram expulsos. E assim o foram as centenas de outras pessoas perseguidas, alijadas, que migraram para a América do Norte. Ou seja, eram todos expatriados. Então, essas pessoas não eram "queridas" no lugar onde nasceram, na sua pátria mãe. Teoricamente, elas deixaram lá a sua identidade. E uma vez expulsas, foram obrigadas a "inventar" sua filiação, sua história, e mais importante, seu próprio valor. Tudo o que lhes distinguia, constituía, toda a sua gênese ficou para trás, lhe foi negado e retirado. Só que ao reiventar sua história os americanos têm dupla tarefa: convencer os outros e também se convencerem não só da veracidade de sua criação, como do valor dela. É um processo maçante, frustrante e que por si só gera a si mesmo, ou seja, um moto contínuo de reafirmação, cuja consequência natural, muitas vezes, e no caso americano, é a crença na sua pretensa supremacia. Daí para a arrogante certeza a esse respeito é um passo.
Acontece que hoje vemos um fenômeno um pouco diferente. Não sei se fruto do 11 de Setembro, mas os americanos, os civis pelo menos, parecem estar despertando para o fato de que não cabe mais no mundo carregar uma bandeira imperialista. Principalmente quando o custo para a manutenção dessa imagem se faz através da vida dos próprios americanos. E é isso que a guerra do Iraque e as outras intervenções subsequentes estão fazendo. Logo, eles começam a entender que algo precisa ser feito e de preferência, rápido. Infelizmente, porém, eles ainda não acordaram para a consciência de que mudar os rumos da história pode levar muito tempo, principalmente quando para isso é necessária a mudança de toda uma estrutura já constituída.
Mas diz-se que começar é o primeiro passo para se conseguir qualquer coisa. E a própria tomada de consciência é, a meu ver, um ótimo indicativo senão de de mudança, de esperança, no sentido de ainda haver quem olhe para essas questões com respeito e com humanidade. E é isso que faz Robert Redford em seu filme Leões e cordeiros. Utilizando-se de três momentos narrativos (o senado, a escola e a guerra) ele tece uma discussão calma, inteligente e perspicaz sobre a questão que envolve os EUA e suas intervenções armadas no mundo. Mas como toda boa obra, ao expor o individual, o filme acaba refletindo o contexto atual como um todo, discutindo o exercício da cidadania; as possibilidades de ação do homem, sua representatividade e seu valor diante dos acontecimentos da história.
Referência: Da imigração nos EUA.
Eu acho que grande parte da razão porque os EUA vivem incomodando o mundo com seu pretenso heroísmo advém da sua condição de abastado histórico.
Na Inglaterra, principalmente, quando Jaime I Stuart assumiu o trono, iniciou uma grande perseguição a protestantes não-anglicanos e católicos e muitos deles fugiram para a América do Norte.Ou seja, eles foram expulsos. E assim o foram as centenas de outras pessoas perseguidas, alijadas, que migraram para a América do Norte. Ou seja, eram todos expatriados. Então, essas pessoas não eram "queridas" no lugar onde nasceram, na sua pátria mãe. Teoricamente, elas deixaram lá a sua identidade. E uma vez expulsas, foram obrigadas a "inventar" sua filiação, sua história, e mais importante, seu próprio valor. Tudo o que lhes distinguia, constituía, toda a sua gênese ficou para trás, lhe foi negado e retirado. Só que ao reiventar sua história os americanos têm dupla tarefa: convencer os outros e também se convencerem não só da veracidade de sua criação, como do valor dela. É um processo maçante, frustrante e que por si só gera a si mesmo, ou seja, um moto contínuo de reafirmação, cuja consequência natural, muitas vezes, e no caso americano, é a crença na sua pretensa supremacia. Daí para a arrogante certeza a esse respeito é um passo.
Acontece que hoje vemos um fenômeno um pouco diferente. Não sei se fruto do 11 de Setembro, mas os americanos, os civis pelo menos, parecem estar despertando para o fato de que não cabe mais no mundo carregar uma bandeira imperialista. Principalmente quando o custo para a manutenção dessa imagem se faz através da vida dos próprios americanos. E é isso que a guerra do Iraque e as outras intervenções subsequentes estão fazendo. Logo, eles começam a entender que algo precisa ser feito e de preferência, rápido. Infelizmente, porém, eles ainda não acordaram para a consciência de que mudar os rumos da história pode levar muito tempo, principalmente quando para isso é necessária a mudança de toda uma estrutura já constituída.
Mas diz-se que começar é o primeiro passo para se conseguir qualquer coisa. E a própria tomada de consciência é, a meu ver, um ótimo indicativo senão de de mudança, de esperança, no sentido de ainda haver quem olhe para essas questões com respeito e com humanidade. E é isso que faz Robert Redford em seu filme Leões e cordeiros. Utilizando-se de três momentos narrativos (o senado, a escola e a guerra) ele tece uma discussão calma, inteligente e perspicaz sobre a questão que envolve os EUA e suas intervenções armadas no mundo. Mas como toda boa obra, ao expor o individual, o filme acaba refletindo o contexto atual como um todo, discutindo o exercício da cidadania; as possibilidades de ação do homem, sua representatividade e seu valor diante dos acontecimentos da história.
Referência: Da imigração nos EUA.
Comentários
e sim, existem americanos que não concordam com as políticas bushianas, conscientes (embora talvez um pouco inexperientes em matéria de miséria) e que querem mudar o mundo para melhor
N�o, muito bom!!